Embora pareça estranho, as larvas podem ser aliadas no processo de cicatrização de feridas.
São
utilizadas no
tratamento de feridas como desbridamento biológico, pois estas larvas se
alimentam do tecido necrótico-fibrinoso.
Somente
algumas espécies de larvas de moscas sãoblackbottle blowfly = mosca varejeira
São
utilizadas no
tratamento de feridas como desbridamento biológico, pois estas larvas se
alimentam do tecido necrótico-fibrinoso. (blackbottle blowfly = mosca varejeira.
A larvoterapia ou terapia larval, também, conhecida como biocirurgia ou
bioterapia, é
indicada no tratamento de feridas com formação tecido necrótico-fibrinoso.
A larva de
mosca medicinal deve ser estéril e originária de criadouros
especializados.
As larvas da mosca varejeira são
cultivadas livres de germes em um laboratório. Em comparação com o
método tradicional de limpeza da ferida com bisturi e do combate à
infecção com medicamentos realizam o seu trabalho totalmente sem dor e
sem efeitos colaterais. As larvas trabalham de maneira altamente
seletiva, assimilando somente tecidos mortos, sem mexer nas partes
saudáveis. Como nos tecidos mortos não há mais fibras nervosas, o
paciente não sente nada. Após três ou quatro dias é efetuada a troca do
curativo e das larvas. As larvas aumentaram seu volume corporal em 10
vezes quando o existe muito tecido necrosado. O tratamento demora de 2 a
6 meses.
A aplicação destes “bio-cirurgiões” é
contra-indicada quando há uma abertura corporal perto da ferida ou no
caso de ferimentos agudos. É muito indicada para feridas crônicas, como
abcessos nas pernas do diabético ou escaras (feridas crônicas, abertas
no paciente que fica longos períodos deitado).O tratamento de feridas com a larva Lucilia sericata
não é inovador. Durante a guerra de recessão
norte-americana, os médicos nos campos de batalha observavam que os
feridos deitados a céu aberto apresentavam uma cura surpreendentemente
rápida, depois que moscas varejeiras haviam posto seus ovos nas feridas.
Também na 2ª Guerra Mundial os médicos usaram esse método com sucesso.
Somente no decorrer do desenvolvimento dos antibióticos a terapia com a
ajuda das larvas foi esquecida.
A quantidade de larvas,
a duração do tratamento e o tipo de cobertura
são determinados segundo a experiência da equipe e necessidade da lesão.
Lesão tratada com larvasFerida Cicatrizada
Embalagem com as larvas estéreis
Abaixo uma pesquisa feita sobre o assunto:
USO DE LARVAS NO
TRATAMENTO DE FERIDAS: REVISÃO¹
INTRODUÇÃO
Adalberto de Santana Filho¹
Sallon Carneiro¹
Neila Reis da Silva²
Na
area de saúde há uma diversidade muito grande no que se refere ao tratamento de
feridas. Materiais e métodos são constantemente desenvolvidos através de
estudos e pesquisas científicas, com o objetivo de produzir um cuidado
terapêutico cada vez mais eficaz.
A
ciência vem construindo conhecimentos sobre determinadas práticas a fim de
favorecer novas possibilidades para algumas patologias, dentre elas o uso de
larvas como forma de intervenção e meio para proporcionar o desbridamento de
tecidos necrosados. A larva da Mosca
varejeira tem sido objeto de estudo de grande significância.
Segundo
Marcondes (2006):
A terapia larval pode ser muito útil,
especialmente em países e regiões de nível socioeconômico precário, por seu
baixo custo e grande eficiência. Envolve tecnologia simples que pode ser
desenvolvida em pequenos laboratórios, com pouco pessoal e praticamente sem
depender de material sofisticado e/ou importado para a sua aplicação.
Muitos profissionais de saúde ainda
alimentam o tabude que a larva damoscaexime apenas efeito prejudicial
quando habita em uma ulcera resultando em miíase,
como concordado por Marcondes (2006):
As moscas são consideradas pela maioria das
pessoas como seresnocivos ou, no mínimo, repulsivos. Este grupo realmente
inclui váriasespécies prejudiciais à saúde de humanos e de animais
domésticos,como Musca domestica (mosca doméstica), Cochliomyiahominivorax(mosca
da bicheira) e Dermatobiahominis(berne).
O presente trabalho tem por objetivo, apresentar através
de revisão bibliográfica,o uso da larva da mosca varejeira como método
terapêutico de grande valia no tratamento de feridas, quebrando o paradigma
expresso por muitos com uma visão negativista e leiga sobre o assunto em
questão.
MÉTODOS
Empregou-se uma pesquisa do tipo
bibliográfica, ondefoi analisado materiais elaborados que tratam do tema em
questão. Para Creswell (2007, p. 45-46):
A revisão de
literatura em um estudo de pesquisa tem vários objetivos. Ela compartilha com o
leitor os resultados de outros estudos que estão proximamente relacionados ao
estudo que está sendo relatado. Ela relaciona um estudo ao diálogo corrente
mais amplo na literatura sobre um tópico, preenchendo lacunas e ampliando
estudos anteriores.
Para
realização da revisão de literatura foi realizado um levantamento temático
através do LILACS e SCIELO. Para que fosse possível a busca de referências
bibliográficas, utilizou-se as seguintes palavras chaves: larvas, saúde,
feridas, tratamento. Selecionou-sealgumas referências para embasar o estudo comprovando
as ideias descritas.
No passo seguinteforam
elegidas referências bibliográficas de importância para este estudo, por terem
sido publicadas em periódicos científicos e suscitarem a importância do uso da
larva da mosca varejeira e que comprovam a eficácia da operacionalização de tal
tratamento, permitindo uma exploração mais significativa das aplicações
técnicas afim de desenvolver uma forma clínico eficaz.
RESULTADOS
E DISCUSSÕES
Esta
revisão bibliográfica tornou a identificação de uma série de argumentos
contundentes ao uso da miiase no tratamento de feridas. A partir das leituras
realizadas percebeu-se que os autores convergem em suas ideias quanto a
eficácia desprendida nesta terapêutica.
Para
melhor compreensão do tema abordado, primeiramente conceituou-se ferida e logo
discutiu-se o uso da larva com intuito de embarcar em uma analise onde será
visualizada a relação entre elas.
UMA ABORDAGEM SOBRE FERIDAS
Ferida
pode ser definida como qualquer ruptura da integridade da pele, membranas
mucosas ou em qualquer outra estrutura do corpo (BORGES et al., 2001); podendo
ser causada por razões diferentes, apresentando-se com diferentes formas,
tamanhos e profundidades (MARQUEZ, 2003).
Classificação
de Feridas
As feridas
podem ser classificadas de três formas diferentes: de acordo com a maneira como
foram produzidas, de acordo com o grau de contaminação e de acordo com o
comprometimento tecidual.Quanto ao
mecanismo de lesão as feridas podem ser descritas como incisas, contusas,
lacerantes ou perfurantes:
Ø As feridas incisas ou cirúrgicas são
aquelas produzidas por um instrumento cortante. As feridas limpas geralmente
são fechadas por suturas.
Ø As feridas contusas são produzidas por
objeto rombo e são caracterizadas por traumatismo das partes moles, hemorragia
e edema.
Ø As feridas laceradas são aquelas com
margens irregulares como as produzidas por vidro ou arame farpado.
Ø As feridas perfurantes são
caracterizadas por pequenas aberturas na pele. Um exemplo são as feridas feitas
por bala ou ponta de faca.
Quanto ao grau
de contaminação, as feridas podem ser limpas, limpas-contaminadas, contaminadas
ou sujas e infectadas.
Ø Feridas limpas são aquelas que não
apresentam inflamação e em que não são atingidos os tratos respiratório,
digestivo, genital ou urinário.
Ø Feridas limpas-contaminadas são
aquelas nas quais os tratos respiratório, alimentar ou urinário são atingidos,
porém em condições controladas.
Ø As feridas contaminadas incluem
feridas acidentais, recentes e abertas e cirurgias em que a técnica asséptica
não foi respeitada devidamente.
Ø Feridas infectadas ou sujas são
aquelas nas quais os microorganismos já estavam presentes antes da lesão.
De acordo com
o comprometimento tecidual as feridas são classificadas em quatro estágios.
Ø Estágio I - caracteriza-se pelo
comprometimento da epiderme apenas, com formação de eritema em pele íntegra e
sem perda tecidual.
Ø Estágio II - caracteriza-se por
abrasão ou úlcera, ocorre perda tecidual e comprometimento da epiderme, derme
ou ambas.
Ø Estágio III - caracteriza-se por
presença de úlcera profunda, com comprometimento total da pele e necrose de
tecido subcutâneo, entretanto a lesão não se estende até a fáscia muscular.
Ø Estágio IV - caracteriza-se por extensa
destruição de tecido, chegando a ocorrer lesão óssea ou muscular ou necrose
tissular.
Cicatrização
de feridas
O
processo de cicatrização inicia-se no terceiro dia após o estancamento da
hemorragia, as contrações devido ás fibras de colágenos unem-se para formar a
crosta ao redor da ferida.
No
momento em que há rompimento do tecido tegumentar começa de maneira espontânea
a coagulação que carece de atividade plaquetária. O coagulo formado serve para
captar as bordas da ferida, bem como para auxiliar a fibronectina, dando
suporte para que os fibroblastos, as células endoteliais e os queratinócios
venham a aderir a ferida.
Os
leucócitos polimofonucleares são responsáveis por fagocitaras bactérias. O
macrófago é uma célula de extrema importância nesta fase da inflamação, além de
fagocitar bactérias, desbrida corpos estranhos e ainda direciona o
desenvolvimento do tecido de granulação.
A
ação dos mediadores inflamatórios, tais como os eicosanóides, citosinas
produzidas por macrófagos, mastócitos, células estromais, há uma vasodilatação
dos capilares dos vasos que não foram lesados; com isso o fluxo sanguíneo fica
mais lento e maior quantidade de sangue e oxigênio é levada; com isso o fluxo
sanguíneo fica mais lento e maior quantidade de sangue e oxigênio é levada à
area lesada. Os leucócitos liberados na circulação migram para o local da lesão
para realizar fagocitose; se diferenciam em macrófagos, que continuam a
fagocitar restos teciduais e microbianos (BLACK; MATASSARIN-JACOBS, 1996;
BALBINO;PEREIRA; CURI, 2005).
A
cicatrização de uma ferida incide em eventos celulares e moleculares que
interagem para que ocorra a repavimentação e a reconstrução do tecido. Silva
(2011, p.69) deixa explicito que “a cicatrização em tese, consiste em uma
complexa sequencia de eventos coordenados e desencadeados pelo organismo, que
objetivam reconstituir estrutural e funcionalmente o tecido comprometido em sua
maior plenitude”.
O USO DA LARVA DA MOSCA VAREJEIRA EM FERIDAS
Pesquisa
brasileira feita com ratos mostra que as larvas de mosca varejeira podem ser
usadas com sucesso na cicatrização de ferimentos graves. O uso de larvas de moscas varejeiras no
tratamento de ferimentos necrosados pode se tornar, no futuro, uma prática
médica comum no Brasil.O objetivo é amenizar o sofrimento de pacientes que
apresentam feridas graves, em que parte do tecido morre, o que é comum em
pacientes com o diabetes fora de controle que compromete o processo de
cicatrização levando a morte tecidual.O procedimento mostra-se promissor. De
acordo com o estudo, as larvas se alimentam do tecido em fase de decomposição
sem atacar a parte saudável. Nos testes de laboratório com as cobaias, o uso
das larvas diminuiu o tempo médio de cicatrização de 35 para 10 dias. (CABRAL,
2009).
Algumas larvas, por se alimentarem de tecidos animais em
decomposição, podem destruir material necrosado e, por uma série de mecanismos,
auxiliar na cura de lesões cutâneas. De fato, muitos animais desenvolveram
substâncias e ações potencialmente úteis para o homem. (MARCONDES, 2006).
A bioterapia consistena utilizaçãode larvas vivas
demoscas para limpezade feridas crônicasou infectadas, visando à remoçãodo
tecido necrosado (que as larvasingerem) e diminuindo o riscode infecção. Essas
e outras vantagenstêm levado ao reaparecimentoe crescimento da terapia larvalem
vários países como Estados Unidos,Inglaterra, Alemanha, Bélgicae Israel. Lá
fora, quase todosos casos registrados na literaturase referem à aplicação em
humanos.Ainda não são totalmentecompreendidos os mecanismospelos quais as
larvas promovem a cicatrização. Mas podemosincluir a produção natural de
agentessemelhantes aos antibióticos,a secreção de agentes com
propriedadescicatrizantes como alantoínade amônia e carbonato de cálcio,
aliquefação de tecido necrosado e aingestão e destruição de bactériascomo parte
normal de seu processo de alimentação. (SUGIMOTO, 2005).
CONSIDERAÇÕES
FINAIS
Ao analisar o
processo de remoção de tecido necrosado com a utilização de larvas de Cochliomyahominivoraxnas
teorias/praticas apresentados pelos autores, percebeu-se que os métodos
metodológicos para a aplicação desta terapia consiste em procedimento
especializado de profissionais que acompanham esse processo afim de obter
resultados eficazes às abordagens aparentemente fixada, embora apresente uma
argumentação bastante embasada, explicita a necessidade de pesquisa
experimental com acompanhamento de outros profissionais especializados em feridas
que conheçam o processo de cicatrização na integra desde do momento onde é
feito a ruptura do tecido tegumentar até o momento de total reintegração da
lesão, usando-as como principal material de intervenção de remoção de tecido
necrosados. Faz-se necessário que além de periódicos que mostrem a importância
desta técnica tão estudada sendo que a aplicação dos mesmos seja inserida no
cotidiano de profissionais de saúde uma vez que sejam comprovados esse
procedimentos.
REFERÊNCIAS
BLACK,
J.M.; MATASSARIN-JACOBS, E. Luckmann&Sorensen
– Enfermagem Medico-cirúrgia: uma abordagem psicofisiológica. 4.ed. Rio de
Janeiro: Guanabara Koogan,1996. v.1, p.355-378.
BALBINO,
C.A.; PEREIRA, L.M.; CURI, R. Mecanismos envolvidos na cicatrização: uma
revisão. RevBras Ciências Farmacêuticas,
v.41, n.1, p. 27-51. 2005.
BORGES, E. L. et al. Feridas:comotartar. Belo Horizonte: Coopemed Editora
Médica, 2001. 144p.
CABRAL,
Gisela.Tratamento inusitado. Brasília: Correio Brasiliense, 2009.
CRESWELL,
John W. Projeto de pesquisa: métodos
qualitativo, quantitativo e misto. 2.ed. Porto Alegre: Artmed, 2007.
MARCONDES, Carlos
Brisola. Terapia larval de lesões de pele causadas por diabetes e outras
doenças. Florianópolis: Editora da UFSC, 2006. 88p.
MARQUEZ,
R.R. Avaliação da ferida. In: Geogia PP. Feridas:
tratamento e cicatrização. Rio de Janeiro: Revinter, 2003. p.11-21.
SUGIMOTO,
Luiz. Larvas contra feridas na volta da
secular bioterapia. São Paulo: Jornal da Unicamp, 2005.
Esse tipo de ferida pode evoluir de que forma
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