quinta-feira, 31 de maio de 2012

FISIOLOGIA DA CICATRIZAÇÃO



 
FERIDAS E CURATIVOS 
A pele é o maior órgão do corpo humano, tendo como principais funções: proteção contra infecções, lesões ou traumas, raios solares e possui importante função no controle da temperatura corpórea como já vimos em aulas anteriores. A pele é subdividida em derme e epiderme. A epiderme, histologicamente constituída das camadas basal, espinhosa, granulosa, lúcida e córnea é um importante órgão sensorial. Na derme, encontramos os vasos sanguíneos, linfáticos, folículos pilosos, glândulas sudoríparas e sebáceas, pelos e terminações nervosas, além de células como: fibroblastos, mastócitos, monócitos, macrófagos, plasmócitos entre outros.
FERIDAS

As feridas são conseqüência de uma agressão por um agente ao tecido vivo. O tratamento das feridas vem evoluindo desde 3000 anos A.C., onde as feridas hemorrágicas eram tratadas com cauterização; o uso de torniquete é descrito em 400 A .C.; a sutura é documentada desde o terceiro século A.C. Na Idade Média, com o aparecimento da pólvora, os ferimentos tornaram-se mais graves.
O cirurgião francês Ambroise Paré, em 1585 orientou o tratamento das feridas quanto à necessidade de desbridamento, aproximação das bordas e curativos. Lister, em 1884, introduziu o tratamento anti-séptico. No século XX, vimos a evolução da terapêutica com o aparecimento da sulfa e da penicilina.

CLASSIFICAÇÃO DAS FERIDAS

As feridas podem ser classificadas de várias maneiras: pelo tipo do agente causal, de acordo com o grau de contaminação, pelo tempo de traumatismo, pela profundidade das lesões, sendo que as duas primeiras são as mais utilizadas.

QUANTO AO AGENTE CAUSAL

1.    Incisas ou cortantes - são provocadas por agentes cortantes, como faca, bisturi, lâminas, etc.; suas características são o predomínio do comprimento sobre a profundidade, bordas regulares e nítidas, geralmente retilíneas. Na ferida incisa o corte geralmente possui profundidade igual de um extremo à outro da lesão, sendo que na ferida cortante, a parte mediana é mais profunda.
                                  
2. Corto-contusa - o agente não tem corte tão acentuado, sendo que a força do traumatismo é que causa a penetração do instrumento, tendo como exemplo o machado.

3. Perfurante - são ocasionadas por agentes longos e pontiagudos como prego, alfinete. Pode ser transfixante quando atravessa um órgão, estando sua gravidade na importância deste órgão.
4. Pérfuro-contusas - são as ocasionadas por arma de fogo, podendo existir dois orifícios, o de entrada e o de saída.
5. Lácero-contusas - Os mecanismos mais freqüentes são a compressão: a pele é esmagada de encontro ao plano subjacente, ou por tração: por rasgo ou arrancamento tecidual. As bordas são irregulares, com mais de um ângulo; constituem exemplo clássico as mordidas de cão.
6. Perfuro-incisas - provocadas por instrumentos pérfuro-cortantes que possuem gume e ponta, por exemplo, um punhal. Deve-se sempre lembrar, que externamente, poderemos ter uma pequena marca na pele, porém profundamente podemos ter comprometimento de órgãos importantes como na figura abaixo na qual pode ser vista lesão no músculo cardíaco.
7. Escoriações - a lesão surge tangencialmente à superfície cutânea, com arrancamento da pele.
8. Equimoses e hematomas - na equimose há rompimento dos capilares, porém sem perda da continuidade da pele, sendo que no hematoma, o sangue extravasado forma uma cavidade.
Também as feridas podem ser classificadas de acordo com o GRAU DE CONTAMINAÇÃO

Diagnóstico, planejamento e intervenções de enfermagem em Feridas







Avaliação de Ulcera Venosa

Ulcera Venosa- definição
Ferida decorrente de insuficiência venosa crônica. É absolutamente necessário o reconhecimento da causa de uma úlcera de perna antes do início do tratamento. Um diagnóstico incorreto pode levar a condutas inapropriadas, especialmente à compressão extrínseca indispensável no tratamento das úlceras venosas.

A avaliação da circulação arterial é obrigatória nos pacientes com úlcera de perna. A palpação dos pulsos distais e a medida do IPTB (Índice de Pressão Tornozelo/Braço) oferecem os elementos básicos necessários para o diagnóstico diferencial com as feridas isquêmicas.

ORIGEM:

A. Primária: varizes, dormência, cãibras, edema vespertino, gestações, sensação de peso, varicorragia e tromboflebite
B.Secundária (trombótica): edema pós-parto, pós-operatório, fraturas, tabagismo, anticoncepcional e acamado.

Avaliar Risco

A. PALPAÇÃO DE PULSOS POPLITEO, TIBIAL POSTERIOR E PEDIOSO: a ausência não deve ser avaliada como indicativo de comprometimento arterial. Deve ser avaliado em conjunto aos demais indicativos.
B. DIGITO-COMPRESSÃO ou PERFUSÃO PERIFÉRICA: cabeça do metatarso e na polpa plantar, exercer compressão por 3 segundos e observar o retorno da coloração normal.
INDICE TORNOZELO-BRAÇO (ITB): teste indicado para classificação do risco cardiovascular, apesar de não determinar localização da obstrução; para detecção precoce de doença arterial oclusiva dos membros inferiores (DAOMI).
Material: manguito, Doppler vascular, papel toalha, gel de USG e fita métrica.
Técnica de aferição:
1. Deixar o paciente em decúbito dorsal por 5 minutos antes de iniciar o teste;
2. Verificar a circunferência do braço para definir manguito apropriado:

Circunferência do braço*    Largura da bolsa inflável*    Denominação do manguito
25                                            10 -11                           Adulto pequeno ou magro
25 -32                                      12 -13                          Adulto
>32                                          15 - 17                          Adulto grande ou obeso
* Medidas em cm.

Aferir nos MMSS (artéria braquial) a pressão arterial (PA) sistólica com auxílio do Doppler vascular, permitindo maior acurácia em relação ao estetoscópio;
Aferir PA em MMII (pedioso ou tibial posterior), posicionando o manguito 3cm acima do maléolo:
 
Cálculo:


ITB direito: Maior pressão do tornozelo direito   (entre pulso pedioso e tibial posterior)
                                    Maior pressão dos MMSS

ITB esquerdo: Maior pressão do tornozelo esquerdo  (entre pulso pedioso e tibial posterior)
                                    Maior pressão dos MMSS

Resultados:  
            
Valores                                         Avaliação
≥ 1,30                                      Artérias não compressíveis
≤0,9 a 1,30                              Aceitável – Circulação Normal
0,71 a 0,89                              DAOMI Leve
0,41 a 0,7                                DAOMI Moderada
≤ 0,4                                       DAOMI Grave, dor isquêmica

                                          Avaliação
TRATAMENTO
  • Repouso relativo: a cada 2 horas repouso com pernas elevadas de 15 a 20 minutos.
  • Elevação de 15 a 20 cm dos pés da cama.
  • Fisioterapia.
  • Caminhar entre o tempo de cada repouso.
  • A Compressão é a terapia utilizada para diminuir a dor, controlar o refluxo, melhorar a hemodinâmica venosa e reduzir o edema. Dois tipos são indicados: inelástica pela Bota de Unna e elástica.
REFERÊNCIA BIBLIOGRAFIA

1. AYELLO E, FRANZ R. Pressure ulcer prevent and treatment: competency-based nursing curricula. Dermatology Nursing, 15(1):44-65, February, 2003.
2. BATISTA F. Pé Diabético: Tratamento Ortopédico Interativo. Einstein: Educ Contin Saúde, 2009; 7(2 Pt 2): 97-100.
3. BATISTA F, GAMBA MA, CAVICCHIOLI MGS, FONSECA MD. Protocolo de atendimento. In: Uma Abordagem Multiprofissional sobre Pé Diabético. Batista F, 1ed, Editora Andreoli, 2010 (in press).
4. BAJAY, Helena Maria. Registro da evolução de feridas: elaboração e aplicabilidade de um instrumento. 2001. 181 f. Tese (Mestrado em Enfermagem) – Faculdade de Ciências Médicas. Universidade de Campinas, Campinas.
5. BERGSTROM, N et al. Pressure ulcer treatment. Clinical Practice guideline. Quick reference guide for Clinicians, n. 15. Rockville, MD. U. S. Departament of Health and human Services, Public Healthy Service. Agency for helthy care policy and research. AHCPR. Pub. Nº 95-0653 Dec. 1994.
6. BRUNNER, L. S., SUDART, D. S.. Tratado de Enfermagem Médico Cirúrgica. 8a ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2000.

Larvoterapia

 Embora pareça estranho, as larvas podem ser aliadas no processo de cicatrização de feridas.
São utilizadas no tratamento de feridas como desbridamento biológico, pois estas larvas se alimentam do tecido necrótico-fibrinoso.
Somente algumas espécies de larvas de moscas sãoblackbottle blowfly = mosca varejeira
São utilizadas no tratamento de feridas como desbridamento biológico, pois estas larvas se alimentam do tecido necrótico-fibrinoso. (blackbottle blowfly = mosca varejeira.
A larvoterapia ou terapia larval, também, conhecida como biocirurgia ou bioterapia, é indicada no tratamento de feridas com formação tecido necrótico-fibrinoso.
A larva de mosca medicinal deve ser estéril e originária de criadouros especializados.
As larvas da mosca varejeira são cultivadas livres de germes em um laboratório. Em comparação com o método tradicional de limpeza da ferida com bisturi e do combate à infecção com medicamentos realizam o seu trabalho totalmente sem dor e sem efeitos colaterais. As larvas trabalham de maneira altamente seletiva, assimilando somente tecidos mortos, sem mexer nas partes saudáveis. Como nos tecidos mortos não há mais fibras nervosas, o paciente não sente nada. Após três ou quatro dias é efetuada a troca do curativo e das larvas. As larvas aumentaram seu volume corporal em 10 vezes quando o existe muito tecido necrosado. O tratamento demora de 2 a 6 meses.
A aplicação destes “bio-cirurgiões” é contra-indicada quando há uma abertura corporal perto da ferida ou no caso de ferimentos agudos. É muito indicada para feridas crônicas, como abcessos nas pernas do diabético ou escaras (feridas crônicas, abertas no paciente que fica longos períodos deitado).O tratamento de feridas com a larva Lucilia sericata não é inovador. Durante a guerra de recessão norte-americana, os médicos nos campos de batalha observavam que os feridos deitados a céu aberto apresentavam uma cura surpreendentemente rápida, depois que moscas varejeiras haviam posto seus ovos nas feridas. Também na 2ª Guerra Mundial os médicos usaram esse método com sucesso. Somente no decorrer do desenvolvimento dos antibióticos a terapia com a ajuda das larvas foi esquecida.
A quantidade de larvas, a duração do tratamento e o tipo de cobertura são determinados segundo a experiência da equipe e necessidade da lesão.
                                                      Lesão tratada com larvas
                                                              Ferida Cicatrizada
                                                    Embalagem com as larvas estéreis
Abaixo uma pesquisa feita sobre o assunto:

USO DE LARVAS NO TRATAMENTO DE FERIDAS: REVISÃO¹

INTRODUÇÃO
Adalberto de Santana Filho¹
Sallon Carneiro¹
Neila Reis da Silva²

            Na area de saúde há uma diversidade muito grande no que se refere ao tratamento de feridas. Materiais e métodos são constantemente desenvolvidos através de estudos e pesquisas científicas, com o objetivo de produzir um cuidado terapêutico cada vez mais eficaz.
            A ciência vem construindo conhecimentos sobre determinadas práticas a fim de favorecer novas possibilidades para algumas patologias, dentre elas o uso de larvas como forma de intervenção e meio para proporcionar o desbridamento de tecidos necrosados. A larva da Mosca varejeira tem sido objeto de estudo de grande significância.
            Segundo Marcondes (2006):

A terapia larval pode ser muito útil, especialmente em países e regiões de nível socioeconômico precário, por seu baixo custo e grande eficiência. Envolve tecnologia simples que pode ser desenvolvida em pequenos laboratórios, com pouco pessoal e praticamente sem depender de material sofisticado e/ou importado para a sua aplicação.     

            Muitos profissionais de saúde ainda alimentam o tabude que a larva damoscaexime apenas efeito prejudicial quando habita em uma ulcera resultando em miíase, como concordado por Marcondes (2006):

As moscas são consideradas pela maioria das pessoas como seresnocivos ou, no mínimo, repulsivos. Este grupo realmente inclui váriasespécies prejudiciais à saúde de humanos e de animais domésticos,como Musca domestica (mosca doméstica), Cochliomyiahominivorax(mosca da bicheira) e Dermatobiahominis(berne).

O presente trabalho tem por objetivo, apresentar através de revisão bibliográfica,o uso da larva da mosca varejeira como método terapêutico de grande valia no tratamento de feridas, quebrando o paradigma expresso por muitos com uma visão negativista e leiga sobre o assunto em questão.
                      
MÉTODOS

            Empregou-se uma pesquisa do tipo bibliográfica, ondefoi analisado materiais elaborados que tratam do tema em questão. Para Creswell (2007, p. 45-46):
A revisão de literatura em um estudo de pesquisa tem vários objetivos. Ela compartilha com o leitor os resultados de outros estudos que estão proximamente relacionados ao estudo que está sendo relatado. Ela relaciona um estudo ao diálogo corrente mais amplo na literatura sobre um tópico, preenchendo lacunas e ampliando estudos anteriores.

            Para realização da revisão de literatura foi realizado um levantamento temático através do LILACS e SCIELO. Para que fosse possível a busca de referências bibliográficas, utilizou-se as seguintes palavras chaves: larvas, saúde, feridas, tratamento. Selecionou-sealgumas referências para embasar o estudo comprovando as ideias descritas.
No passo seguinteforam elegidas referências bibliográficas de importância para este estudo, por terem sido publicadas em periódicos científicos e suscitarem a importância do uso da larva da mosca varejeira e que comprovam a eficácia da operacionalização de tal tratamento, permitindo uma exploração mais significativa das aplicações técnicas afim de desenvolver uma forma clínico eficaz.

RESULTADOS E DISCUSSÕES

            Esta revisão bibliográfica tornou a identificação de uma série de argumentos contundentes ao uso da miiase no tratamento de feridas. A partir das leituras realizadas percebeu-se que os autores convergem em suas ideias quanto a eficácia desprendida nesta terapêutica.
            Para melhor compreensão do tema abordado, primeiramente conceituou-se ferida e logo discutiu-se o uso da larva com intuito de embarcar em uma analise onde será visualizada a relação entre elas.

UMA ABORDAGEM SOBRE FERIDAS

            Ferida pode ser definida como qualquer ruptura da integridade da pele, membranas mucosas ou em qualquer outra estrutura do corpo (BORGES et al., 2001); podendo ser causada por razões diferentes, apresentando-se com diferentes formas, tamanhos e profundidades (MARQUEZ, 2003).

Classificação de Feridas

As feridas podem ser classificadas de três formas diferentes: de acordo com a maneira como foram produzidas, de acordo com o grau de contaminação e de acordo com o comprometimento tecidual.Quanto ao mecanismo de lesão as feridas podem ser descritas como incisas, contusas, lacerantes ou perfurantes:
Ø  As feridas incisas ou cirúrgicas são aquelas produzidas por um instrumento cortante. As feridas limpas geralmente são fechadas por suturas.
Ø  As feridas contusas são produzidas por objeto rombo e são caracterizadas por traumatismo das partes moles, hemorragia e edema.
Ø  As feridas laceradas são aquelas com margens irregulares como as produzidas por vidro ou arame farpado.
Ø  As feridas perfurantes são caracterizadas por pequenas aberturas na pele. Um exemplo são as feridas feitas por bala ou ponta de faca.
Quanto ao grau de contaminação, as feridas podem ser limpas, limpas-contaminadas, contaminadas ou sujas e infectadas.
Ø  Feridas limpas são aquelas que não apresentam inflamação e em que não são atingidos os tratos respiratório, digestivo, genital ou urinário.
Ø  Feridas limpas-contaminadas são aquelas nas quais os tratos respiratório, alimentar ou urinário são atingidos, porém em condições controladas.
Ø  As feridas contaminadas incluem feridas acidentais, recentes e abertas e cirurgias em que a técnica asséptica não foi respeitada devidamente.
Ø  Feridas infectadas ou sujas são aquelas nas quais os microorganismos já estavam presentes antes da lesão.
De acordo com o comprometimento tecidual as feridas são classificadas em quatro estágios.
Ø  Estágio I - caracteriza-se pelo comprometimento da epiderme apenas, com formação de eritema em pele íntegra e sem perda tecidual.
Ø  Estágio II - caracteriza-se por abrasão ou úlcera, ocorre perda tecidual e comprometimento da epiderme, derme ou ambas.
Ø  Estágio III - caracteriza-se por presença de úlcera profunda, com comprometimento total da pele e necrose de tecido subcutâneo, entretanto a lesão não se estende até a fáscia muscular.
Ø  Estágio IV - caracteriza-se por extensa destruição de tecido, chegando a ocorrer lesão óssea ou muscular ou necrose tissular.

Cicatrização de feridas

            O processo de cicatrização inicia-se no terceiro dia após o estancamento da hemorragia, as contrações devido ás fibras de colágenos unem-se para formar a crosta ao redor da ferida.
            No momento em que há rompimento do tecido tegumentar começa de maneira espontânea a coagulação que carece de atividade plaquetária. O coagulo formado serve para captar as bordas da ferida, bem como para auxiliar a fibronectina, dando suporte para que os fibroblastos, as células endoteliais e os queratinócios venham a aderir a ferida.
            Os leucócitos polimofonucleares são responsáveis por fagocitaras bactérias. O macrófago é uma célula de extrema importância nesta fase da inflamação, além de fagocitar bactérias, desbrida corpos estranhos e ainda direciona o desenvolvimento do tecido de granulação.
            A ação dos mediadores inflamatórios, tais como os eicosanóides, citosinas produzidas por macrófagos, mastócitos, células estromais, há uma vasodilatação dos capilares dos vasos que não foram lesados; com isso o fluxo sanguíneo fica mais lento e maior quantidade de sangue e oxigênio é levada; com isso o fluxo sanguíneo fica mais lento e maior quantidade de sangue e oxigênio é levada à area lesada. Os leucócitos liberados na circulação migram para o local da lesão para realizar fagocitose; se diferenciam em macrófagos, que continuam a fagocitar restos teciduais e microbianos (BLACK; MATASSARIN-JACOBS, 1996; BALBINO;PEREIRA; CURI, 2005).
            A cicatrização de uma ferida incide em eventos celulares e moleculares que interagem para que ocorra a repavimentação e a reconstrução do tecido. Silva (2011, p.69) deixa explicito que “a cicatrização em tese, consiste em uma complexa sequencia de eventos coordenados e desencadeados pelo organismo, que objetivam reconstituir estrutural e funcionalmente o tecido comprometido em sua maior plenitude”.
              
O USO DA LARVA DA MOSCA VAREJEIRA EM FERIDAS
           
Pesquisa brasileira feita com ratos mostra que as larvas de mosca varejeira podem ser usadas com sucesso na cicatrização de ferimentos graves.  O uso de larvas de moscas varejeiras no tratamento de ferimentos necrosados pode se tornar, no futuro, uma prática médica comum no Brasil.O objetivo é amenizar o sofrimento de pacientes que apresentam feridas graves, em que parte do tecido morre, o que é comum em pacientes com o diabetes fora de controle que compromete o processo de cicatrização levando a morte tecidual.O procedimento mostra-se promissor. De acordo com o estudo, as larvas se alimentam do tecido em fase de decomposição sem atacar a parte saudável. Nos testes de laboratório com as cobaias, o uso das larvas diminuiu o tempo médio de cicatrização de 35 para 10 dias. (CABRAL, 2009).
Algumas larvas, por se alimentarem de tecidos animais em decomposição, podem destruir material necrosado e, por uma série de mecanismos, auxiliar na cura de lesões cutâneas. De fato, muitos animais desenvolveram substâncias e ações potencialmente úteis para o homem. (MARCONDES, 2006).
A bioterapia consistena utilizaçãode larvas vivas demoscas para limpezade feridas crônicasou infectadas, visando à remoçãodo tecido necrosado (que as larvasingerem) e diminuindo o riscode infecção. Essas e outras vantagenstêm levado ao reaparecimentoe crescimento da terapia larvalem vários países como Estados Unidos,Inglaterra, Alemanha, Bélgicae Israel. Lá fora, quase todosos casos registrados na literaturase referem à aplicação em humanos.Ainda não são totalmentecompreendidos os mecanismospelos quais as larvas promovem a cicatrização. Mas podemosincluir a produção natural de agentessemelhantes aos antibióticos,a secreção de agentes com propriedadescicatrizantes como alantoínade amônia e carbonato de cálcio, aliquefação de tecido necrosado e aingestão e destruição de bactériascomo parte normal de seu processo de alimentação. (SUGIMOTO, 2005).

CONSIDERAÇÕES FINAIS

            Ao analisar o processo de remoção de tecido necrosado com a utilização de larvas de Cochliomyahominivoraxnas teorias/praticas apresentados pelos autores, percebeu-se que os métodos metodológicos para a aplicação desta terapia consiste em procedimento especializado de profissionais que acompanham esse processo afim de obter resultados eficazes às abordagens aparentemente fixada, embora apresente uma argumentação bastante embasada, explicita a necessidade de pesquisa experimental com acompanhamento de outros profissionais especializados em feridas que conheçam o processo de cicatrização na integra desde do momento onde é feito a ruptura do tecido tegumentar até o momento de total reintegração da lesão, usando-as como principal material de intervenção de remoção de tecido necrosados. Faz-se necessário que além de periódicos que mostrem a importância desta técnica tão estudada sendo que a aplicação dos mesmos seja inserida no cotidiano de profissionais de saúde uma vez que sejam comprovados esse procedimentos.

REFERÊNCIAS

BLACK, J.M.; MATASSARIN-JACOBS, E. Luckmann&Sorensen – Enfermagem Medico-cirúrgia: uma abordagem psicofisiológica. 4.ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan,1996. v.1, p.355-378.

BALBINO, C.A.; PEREIRA, L.M.; CURI, R. Mecanismos envolvidos na cicatrização: uma revisão. RevBras Ciências Farmacêuticas, v.41, n.1, p. 27-51. 2005.

BORGES, E. L. et al. Feridas:comotartar. Belo Horizonte: Coopemed Editora Médica, 2001. 144p.

CABRAL, Gisela.Tratamento inusitado. Brasília: Correio Brasiliense, 2009.

CRESWELL, John W. Projeto de pesquisa: métodos qualitativo, quantitativo e misto. 2.ed. Porto Alegre: Artmed, 2007.

MARCONDES, Carlos Brisola. Terapia larval de lesões de pele causadas por diabetes e outras doenças. Florianópolis: Editora da UFSC, 2006. 88p.

MARQUEZ, R.R. Avaliação da ferida. In: Geogia PP. Feridas: tratamento e cicatrização. Rio de Janeiro: Revinter, 2003. p.11-21.

SUGIMOTO, Luiz. Larvas contra feridas na volta da secular bioterapia. São Paulo: Jornal da Unicamp, 2005.